Alceu Valença canta "Madeira que cupim não rói", de Capiba. Foto: Reprodução da TV
Antes
do corpo do ex-governador Eduardo Campos (PSB) ser liberado para o
cortejo fúnebre do Palácio do Campo das Princesas, onde está sendo
velado desde a madrugada deste domingo (17), até o Cemitério de Santo
Amaro, músicos prestam a última homenagem ao político. Alceu Valença,
Petrúcio Amorim e Maciel Melo subiram ao palanque, montado em frente à
Praça da República, munidos de violão e microfone, e cantaram, entre
outras músicas, Madeira que cupim não rói, de autoria de
Capiba. Valença fez, inclusive, um breve dicurso, no qual fez questão de
ressaltar o lado alegre de Eduardo, no âmbito particular, e o político
que ele foi, na esfera pública. À capela, a cantora Edilza cantou um
trecho de Faz um milagre em mim, de Regis Danese.
Liturgia da Assunção de Nossa Senhora Palácio do Campo das Princesas, 18 de agosto de 2014, 10 horas.
“Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão” (1Cor 15,22).
Este é o quinto dia desde a triste e tão dolorosa notícia da tragédia
que vitimou sete irmãos nossos, pelos quais celebramos esta Santa
Missa: os pilotos Geraldo Magela Barbosa da Cunha e Marcos Martins;
Pedro Almeida Valadares Neto; Alexandre Severo Gomes e Silva, Carlos
Augusto Ramos Leal Filho (Percol), Marcelo de Oliveira Lyra e Eduardo
Henrique Accioly Campos, pessoas que contamos entre nossos queridos
familiares e amigos. Entretanto, este dia não é um dia qualquer. Hoje é
Domingo, dia do Senhor, quando celebramos a Páscoa Semanal daquele que
morreu dando a sua vida, oferecendo-a pela salvação do seu povo.
Precisamente hoje, a liturgia da Igreja comemora a Assunção de Nossa
Senhora ao céu. Diante dos corpos de três das sete vítimas do terrível
acidente, é como se estivéssemos diante daquele mesmo calvário que a
própria Maria viveu. Não pensemos que foi fácil o itinerário da sua
vida. Foi escolhida por Deus para uma sublime missão: apesar de
preservada de todo pecado, teve sua fé provada a todo instante, desde
quando acolheu o anúncio de que seria a mãe do Filho de Deus.
Enfrentando as dificuldades da vida, com a graça de Deus, teve forças
para enxugar as lágrimas e confiar que a injustiça e a impunidade
jamais teriam a última palavra.
Por ter confiado no Senhor e
ter sido fiel aos desígnios de Deus, mereceu ter um nome bendito e
lembrado de geração em geração, como ela própria afirmou. Mais que
isso, mereceu ter a mesma vitória que seu Filho. A solenidade de hoje
recorda precisamente isto: por ela ter pertencido totalmente a Deus e
ter se entregado sem reserva à vontade de Deus, ela foi a primeira
associada à sorte de Jesus, como disse o apóstolo Paulo, na segunda
leitura: como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos
reviverão; porém, cada qual segundo uma ordem determinada: em primeiro
lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo.
Ninguém como a própria mãe pertenceu tanto a Jesus. Entretanto, a
vitória da ressurreição de Jesus não para por aí, pois está chegando
até aos nossos dias. Quando o Papa Pio XII proclamou, em 1950, o dogma
da Assunção de Maria, ele não estava criando nenhuma verdade nova;
estava proclamando que é verdadeira a fé que desde o início do
cristianismo espalhou-se entre os discípulos de Jesus: Maria foi elevada
ao céu em corpo e alma; não poderia ter o corpo corrompido alguém que
deu à luz o Salvador do Mundo.
Como isto é algo que parece tão
incompreensível para muitas pessoas, não só podemos como temos até que
perguntar de que maneira tudo isto aconteceu. Na primeira leitura,
escutamos referência à Arca da Aliança, que era aquele baú sagrado no
qual estavam guardados os mandamentos que o Senhor havia dado a Moisés.
Se era tão sagrada essa arca, muito mais sagrada é a arca definitiva,
na qual se fez carne a Palavra de Deus. Maria é a nova e definitiva
Arca da Aliança, onde Deus mesmo quis colocar a semente da salvação. E
tudo isso foi possível porque Maria acreditou, não duvidou e deu
credibilidade à Palavra de Deus. Como escutamos no Evangelho, há pouco
proclamado, a própria Isabel disse que será cumprido na vida de quem
acredita o que o Senhor prometeu. Por isso, a Virgem Maria é bendita
entre as mulheres e, assim como Cristo, já tem realizada a glorificação
que nós ainda estamos aguardando e pela qual trabalhamos.
E o
mais bonito, meus irmãos e irmãs, é que todos os que creem em Jesus
reviverão, não somente depois da morte, mas desde o instante em que
acreditamos na sua Palavra. Às vezes, a Palavra de Deus parece
improvável e acreditar nela parece desvantagem diante das muitas
vantagens do dinheiro e do poder. Todas as pessoas que acreditam na
Palavra de Deus permanecerão lembradas para sempre e seus nomes
continuarão como estrelas, indicando o caminho para os que buscam um
novo horizonte.
Quem é Maria? É alguém do povo de Deus, que
esperava, como toda a sua gente, a vinda do Messias, daquele que traria
dias melhores. E o Messias chegou! O Messias, porém, não se fez grande,
mas pequeno; é o que serve sem ser servido; que veio para dar vida e
vida em abundância a todos, mesmo que isso significasse perder a própria
vida. Esta era a sua missão, mas, além disso, era a convicção mais
profunda de sua mãe. Ela sabia que Deus demonstra o poder de seu braço:
dispersa os orgulhosos, derruba os opressores, eleva os humildes, sacia
os famintos e destrói toda riqueza injustamente adquirida. Queremos
que a fé da Virgem Maria seja um estímulo para a nossa fé, que vacila
em tantos momentos.
Nesta hora, por exemplo, é como se
estivéssemos diante de um outro calvário. Estamos ouvindo o clamor de
tristeza de esposas e filhos, pais e irmãos, familiares e amigos, enfim,
de todo o povo de Pernambuco e do Brasil. Perguntemos à Virgem Maria
como é que ela foi capaz de permanecer de pé junto à cruz de seu Filho!?
Deus lhe deu forças, mas também lhe deu força a convicção que levou
seu Filho a amar-nos até o fim. O calvário não é o fim do percurso da
vida de Jesus, nem de seus discípulos. As trevas caem sobre nós, a
cortina da angústia encerra nosso coração, mas não podemos desistir. A
Virgem Maria está de pé junto à cruz e nós devemos, igualmente,
permaneceremos de pé. Fiquemos atentos ao que tem a nos dizer aquele
que está crucificado.
O que estes nossos irmãos falecidos têm a
nos dizer? Diante de seus corpos inertes, destruídos pela fatalidade,
ouve-se um silêncio que incomoda. Aqui estamos porque, no eco de suas
convicções, escutamos a mesma sede que o Filho de Maria teve: fome e
sede de justiça. Maria foi uma mulher forte que alimentou a coragem de
seu Filho para que ele não desistisse. A força do calvário não é a força
de um poder que mata inocentes, mas a força do amor que dá a vida, que
se preocupa com os pecadores e está atento aos humildes, aos
injustiçados, aos pobres. Naquele calvário, há um justo crucificado, que
teve sua voz abafada por quem lucrava com a corrupção e a miséria dos
outros. A voz de Jesus está hoje espalhada pelo mundo inteiro: é a voz
dos profetas dos tempos atuais que querem um mundo melhor e lutam
contra o pecado, que gera desigualdade social, é fonte de guerras e
conflitos, alimenta discriminações e preconceitos.
Apesar de
ser um cenário de tristeza aquele do calvário, há uma alegria que a dor
não abafa: está morto um homem que tem suas convicções vivas e que não
teve a fraqueza de vender sua consciência; ele discordou de tudo o que
não estava conforme a vontade do Pai e ousou questionar. Ensina-nos
até hoje a fazer o mesmo, seguindo seu exemplo. Ele revoluciona nossos
corações: amar a Deus sobre todas as coisas, amar nossos semelhantes
como irmãos e irmãs, ter como nossas as suas causas. Cristo ressuscitou
e, na nossa luta, onde dois ou mais estão reunidos em seu nome, ele
continua presente, interpelando-nos. Estes nossos irmãos, cujos
corpos serão plantados na terra como sementes de esperança, vivem. Não
vivem somente na nossa lembrança, que tem dificuldade de acreditar que
morreram, mas vivem porque estão em Deus, na vida definitiva. Pelo
mistério da fé, estarão para sempre conosco e, aguardando o dia da
glorificação definitiva. Continuam nos inspirando a não desistir da
mesma luta que só trará o bem a nós e ao nosso povo. Quem acredita nas
causas de Jesus e vive lutando pelas mesmas convicções que levaram o
Filho de Deus à morte, experimentará a vitória de sua ressurreição.
Esta é a esperança que nos mantém firmes para um adeus tão doloroso.
No instante do acidente, todos aqueles que foram vitimados com nosso
prezado Eduardo Campos estavam unidos em torno dele, como irmãos e
amigos. Compartilharam com ele os mesmos ideais e participaram da mesma
morte. Tão grande era a amizade que os unia, que suas famílias,
igualmente enlutadas, estão aqui ao lado de sua esposa Renata Campos e
seus filhos. Nós também sentimo-nos de luto, não somente porque
Pernambuco e o Brasil perderam um grande líder, alguém realmente
vocacionado para a política, mas porque sentíamos nele, acima do gestor
que foi, um ser humano apaixonado pelo povo, especialmente os mais
empobrecidos; um católico de convicção que fazia questão de transmitir
para os filhos seus princípios de fé. Isso o aproximou muito de cada um
de nós, mesmo daqueles que nunca o viram de perto, mas que admiravam
seu jeito de valorizar a família como célula primeira e indispensável
de todo fundamento social. Nesses últimos dias, nas redes sociais,
foram veiculadas muitas imagens de Eduardo e nenhuma delas emocionou
mais que as que o apresentavam no aconchego do lar, em companhia da
esposa e filhos. Por ocasião do dia dos pais, seus filhos postaram um
vídeo emocionante. Naquele mesmo dia, que foi também o dia do seu
aniversário de 49 anos, estive com ele, pela última vez, na Missa de
encerramento da festa de São Lourenço Mártir, em São Lourenço da Mata.
Nós temos família e sabemos o quanto é importante uma família feliz.
Ontem, por coincidência, foi o encerramento da Semana Nacional da
Família, cujo tema para reflexão neste ano de 2014 foi A
espiritualidade cristã na família: um casamento que dá certo. Ou seja,
tudo a ver com a família que Eduardo e Renata procuraram constituir e
que viveram na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, e que agora
continua tão firme e estável como antes, na saudade e no amor que não
morre.
No dia em que celebramos a Solenidade de Nossa Senhora
da Glória, peçamos à nossa mãe Maria que acolha sob o seu manto de amor
e misericórdia estes nossos irmãos que partiram e os apresente ao
Senhor que disse para Marta a irmã de Lázaro: “Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra viverá. E todo aquele que
vive e acredita em mim, não morrerá para sempre. Você acredita nisso?”
(Jo.11,25-26).
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB Arcebispo de Olinda e Recife
mais em http://www.diariodepernambuco.com.br/especiais/politica/acidente-eduardo-campos/
O candidato à Presidência da República pelo Partido Socialista
Brasileiro (PSB), Eduardo Campos, cumpriu agenda de campanha no início
da tarde deste sábado (9) em Patos, no Sertão da Paraíba, acompanhado
pelo governador Ricardo Coutinho (PSB), candidato à reeleição pela
coligação ‘A Força do Trabalho’. Eles participaram de um encontro que
reuniu dezenas de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e lideranças
políticas de várias regiões do Estado.
Eduardo Campos afirmou que o governador Ricardo Coutinho realiza uma
gestão inovadora, e que precisa de mais investimentos por parte do
Governo Federal. Ele garantiu que, se eleito, dará à Paraíba um atenção
especial, liberando recursos para a ampliação e modernização do Porto de
Cabedelo, bem como incluindo o Estado no mapa da ferrovia
Transnordestina.
“Não é fácil mudar um Estado para melhor como Ricardo vem conseguindo
aqui na Paraíba. De forma inovadora, Ricardo implantou políticas
públicas importantes, como o Empreender e o Condomínio Cidade Madura,
experiências que precisam ser replicadas para vários lugares deste País.
Acredito que os paraibanos estão entendendo este novo modelo de gestão
e, certamente, vão reconduzir Ricardo ao Palácio da Redenção”, enfatizou
Eduardo Campos.
Ricardo, por sua vez, destacou a iniciativa de Eduardo Campos, que ao
visitar o Condomínio Cidade Madura na manhã deste sábado, em João
Pessoa, prometeu expandir o projeto por todo o País. “O Brasil precisa
de novas ideias e projetos para avançar com olhar no futuro. Estamos
felizes, já que nosso projeto do Condomínio Cidade Madura está sendo
incorporado ao plano habitacional a ser implementado por Eduardo
Campos”, disse o governador paraibano, que acrescentou: “O Brasil não
precisa mais do mesmo”.
Estilo, a trajetória e as controvérsias de Eduardo Campos; ÉPOCA publicou perfil em 2013
O governador Eduardo Campos, de Pernambuco, é um ótimo piloto de cadeira
giratória de rodinhas. Logo ao sentar-se, elegante e espaçoso, já
sublinha a que veio. A cadeira é uma das 13 de uma gnuto de sossego por quase três horas. Campos a manobra para todos os
lados possíveis, a esporeia com o ritmo acelerado de sua fluência verbal
e, quando a leva, num tiro curto, em direção ao interlocutor, o dorso
ainda atlético de 47 anos também assoma, enfático. Seus translúcidos
olhos verdes sãrande mesa preta, em forma de U, na sala de reuniões contígua a seu gabinete. Não terá um mio, surrupiando um autor contemporâneo, como pássaros
querendo voar para fora da cara. Campos é, sobretudo, olhos. Na beleza
variante da cor, que fisga a atenção, e, principalmente, na mirada, no
manejo que lhes sabe dar, ora águia, ora cobra, focados na sedução.
“Sedutor” é um recorrente qualificativo até entre adversários regionais –
como o senador Humberto Costa, do PT, ou o deputado federal Mendonça
Filho, do DEM. Campos sabe que, nos dois casos, o sentido é “cuidado com
ele!” – ambos, afinal, são vítimas de peia eleitoral. Mesmo assim, não
desgosta.
Não é o caso quando é chamado de “coronel”,
como fez a revista britânica The Economist em reportagem recente, que
também registrou seu lado de gestor dinâmico e empreendedor à frente do
Estado que governa pela segunda vez, com aprovação recorde – 89% na
última pesquisa. Provocado – “O senhor leva mesmo um jeitão de
coronel...” –, Campos não esconde o desconforto. Leva a cadeira para a
frente e para trás, dá uma brusca freada de general e responde:
–
Isso só acontece quando alguém nasce por aqui. Nunca vi um rótulo
desses num político carioca, paulista ou mineiro. Então lamento, porque é
uma coisa desqualificando. Que maneira tenho de botar ordem aqui? “É um
coronel.” Tá bom. (Falar) é um direito (deles). Fazer o quê?
Entre
dez governadores pesquisados pelo Ibope no final do ano passado, Campos
obteve a maior aprovação: 34% acham sua gestão “ótima”; 45%, “boa”;
15%, “regular”; 4%,“ruim”; e 3%,“péssima”. É tamanha popularidade que
explica por que tantos políticos têm se aproximado dele e que seja
impossível discutir a sucessão da presidente Dilma Rousseff sem que seu
nome venha à tona. Ele próprio negou, em entrevista publicada por ÉPOCA
em dezembro, que pretenda se candidatar à Presidência. Na ocasião, disse
que “sem dúvida” apoiaria a reeleição de Dilma. É nessa canoa que os
pés de Campos estão, ambos. Antes da eleição municipal de Pernambuco, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava disposto a costurar sua
candidatura a vice, já em 2014. Depois que Campos praticamente humilhou o
PT, ao lançar candidato
próprio à prefeitura do Recife – e vencer –, Lula e Dilma sabem que
ficou mais difícil. O desejo de ambos é mantê-lo na canoa para, quem
sabe?, um voo solo em 2018. Ser ministro de Dilma reeleita, em Pasta de
visibilidade, é uma possibilidade.
Seu
peso político e sua popularidade são resultados de sua gestão.
Pernambuco é a décima economia do país e soma 2,5% do PIB brasileiro –
mas tem crescido de modo mais consistente e mais rápido que o país: 4,2%
ao ano entre 2002 e 2010, para uma média nacional que beira os 4%, de
acordo com o IBGE. Na avaliação do secretário estadual de Planejamento,
Fred Amâncio, o crescimento será ainda mais expressivo quando entrarem
em operação megainvestimentos em implantação. É o caso da fábrica da
Fiat, no município de Goiana, e da Refinaria Abreu e Lima, no complexo
industrial de Suape. As duas iniciativas ajudaram a mudar o perfil
econômico do Estado. A participação do setor industrial na riqueza de
Pernambuco passou de 10% para 25%. Outra mudança significativa
implementada por Campos foi na educação. Ele investiu no ensino básico
e, num projeto-piloto, 200 escolas do Estado passaram a dar aulas oito
horas por dia, em vez de quatro. Também aumentou o salário dos
professores e ofereceu-lhes bônus por desempenho. O objetivo é estender
essa política a todas as escolas públicas e incentivar as cidades a
fazer o mesmo no âmbito municipal.
“Conheço,
hoje, categoricamente, cada lugarzinho desse Estado”, diz Campos,
apontando um mapa ampliado, com os 185 municípios de Pernambuco, na sala
de reuniões onde deu entrevista a ÉPOCA. Salas com mesa em U viraram um
ambiente-padrão do governo eduardiano. É nelas que ocorrem as temidas e
tensas reuniões de monitoramento – onde Campos controla, um olho no
gato, outro no peixe, se seus subordinados estão cumprindo as metas.
TPM, lá, ganhou o apelido de Tensão Pré-Monitoramento. “Falam até em
tortura chinesa”, diz o secretário de Imprensa, Evaldo Costa.“Para quem
não faz seu dever, né?”, diz Campos.
Não
é retórica. Em Pernambuco, em seu primeiro mandato, monitoramento e
gestão saíram do discurso para virar leis. Uma detalhou formas de
controlar cada ação do governo. Outra criou os cargos técnicos
necessários para isso. No ano passado, Campos comandou 36 dessas
reuniões, coisa de 148 horas de peroração e 1.300 encaminhamentos
práticos. Liga na hora para ministros que possam liberar recursos
contratados ou desemperrar a burocracia. Ou então para empresários que
não cumprem o cronograma do contrato. No caso de um hospital atrasado, o
empresário prometeu pôr a equipe a braços até nos fins de semana. No
primeiro domingo, à Jânio Quadros, Campos foi à obra, conferir. Era um
deserto – de lá mesmo, por telefone, ele esbravejou. Como conhece em
detalhes o varejo e o atacado de todas as metas que pretende atingir –
neste ano são 361 –, Campos não tem pejo em falar mais grosso. Muito
menos de chamar à fala, até grosseiramente, quem tenta enrolar. “Não dou
intimidade a problema”, diz. Para este ano, estão previstas 40 reuniões
de monitoramento, somando 150 horas. É claro que essa dinâmica, que
estica nervos, impõe uma cascata de reuniões de monitoramento em todos
os órgãos da máquina estadual. O estágio de cumprimento das metas recebe
cores – verde, amarelo e vermelho. “Estou verde, governador!” – no
sentido de ter cumprido a meta – é frase que o enleva.
Campos
trabalhou e continua trabalhando para não ter adversários públicos que
mereçam o nome. Sua penúltima façanha foi a inacreditável aliança com o
senador Jarbas Vasconcelos. Aliado antigo – quando prefeito (1986-1988),
Campos, então no PMDB (de 1983 a 1990), ganhou seu primeiro cargo
público –, Jarbas virou o renhido e bocudo adversário nos últimos anos.
Para só citar um exemplo recente: fez barulho, em 2011, seu
pronunciamento no Senado contra a ida de Ana Lúcia Arraes de Alencar,
mãe de Campos, para o Tribunal de Contas da União. “Isso não é
modernidade”, disse Jarbas. “É nepotismo, é política do compadrio, do
coronelismo. É atraso do pior tipo possível. É um exemplo do vale-tudo
na política.” Como engolir um sapo desses? “Em hora nenhuma ele fala de
minha mãe”, diz Campos, dando palmadas rítmicas no braço direito da
cadeira. “Houve um sinal de amigos comuns dizendo que Jarbas queria
falar comigo. E aí eu disse: ‘Não tem problema, como ele quiser fazer’.”
Ana
Lúcia Arraes de Alencar e o quase bacharel em Direito Maximiano Accioly
Campos apaixonaram-se, no Recife, em 1963. Marcaram o casamento para 9
de agosto de 1964. Maximiano, boa estampa e filho de usineiro, tinha 23
anos, um temperamento difícil e um romance pronto (Sem lei nem rei, hoje
facilmente encontrado pela internet). Ana era linda e tinha 18. Seu
pai, Miguel Arraes de Alencar, governador deposto de Pernambuco, era
preso político na ilha de Fernando de Noronha. Estava na cadeia desde o
golpe militar de 1964, a que não aderiu (ao contrário de seu
vice-governador, que assumiu o posto). Órfã de mãe – que morrera, com 36
anos, em 1961 –, Ana Lúcia não se conformou em casar sem a presença do
pai. Destemida, foi ao general de plantão. Campos, emocionado, narra
assim:
– Não lembro se foi o (general Antônio) Bandeira ou se foi o (general) Justino (Martins).
Ela foi lá e disse: “Olhe, ele é um preso político, mas ele é pai. Eu
tenho 18 anos, já não tenho mãe e gostaria de ter o direito de meu pai
estar no meu casamento”. O general autorizou o casamento na Base Aérea.
Doutor Arraes foi levado em avião militar, com um aparato repressivo
completo. Porque havia, do lado da repressão, versões de que seria uma
oportunidade para ele ser resgatado. Ele só assistiu ao casamento e
voltou.
Eduardo Campos, em campanha em 2006
Em
maio de 1965, Arraes seguiu para o exílio, com a segunda mulher (Maria
Magdalena, a Madá, ainda viva), a primeira filha desse casamento e sete
filhos do primeiro. Só a recém-casada Ana Lúcia não foi, mais por
Maximiano, introspectivo e avesso a viagens de avião. Eduardo Henrique
Accioly Campos (ou Dudu) nasceu em 10 de agosto de 1965, um ano e um dia
depois do casamento. Não tem Arraes no nome – nem ele nem seu único
irmão, o advogado e escritor Antônio Campos (ou Tonca), três anos mais
novo. Maximiano não quis. Por seis anos, a família morou na fazenda Três
Marias, no município de Vitória do Santo Antão, a 50 quilômetros do
Recife. “Era uma vida bem rural, muito simples, mas muito amena”, diz
Campos. Ana cuidava para que escrevesse aos avós e aos tios – e dava
ênfase na leitura das respostas que chegavam. “Não tinha Facebook, não
tinha Skype.” Em 1976, Ana levou Dudu, com 10 anos, e Tonca, com 6, para
conhecer o avô e a família exilada. Foi a primeira vez que todos os
filhos de Arraes se reencontraram. Maximiano não foi. Ficaram um período
em Argel, outro numa cidade litorânea da França – onde nasceu o segundo
filho de Arraes com Madá.
Campos
não fica à vontade quando a conversa passa pela história do pai.
Escritor compulsivo e angustiado – deixou uma obra extensa, com altos e
baixos, que Tonca não cansa de reeditar (com patrocínio do governo
federal) –, Maximiano sofria de depressão. Nos maus momentos, que não
foram poucos, todos em volta sofriam com ele. Nos bons, era ótimo.
Campos fica circunspecto e emocionado quando ouve a leitura de frases
literárias de Maximiano: “A gente não pode acreditar somente no que vê. O
que a gente vê é muito pouco para o que existe no mundo”; “O que dá
valentia ao homem não é o lugar que ele nasce. É o gênio que possui e a
necessidade da hora”.
“Meu
pai deixou para nós um legado de muita austeridade”, diz Campos. “Foi
um homem de muita coragem, muito leal, muito sério, um homem que sempre
valorizou o conhecimento.” Um de seus amigos, o poeta Ângelo Monteiro,
escreveu seu perfil: “Uma de suas características mais notáveis
consistia em seu olhar de observador que, logo à primeira vista, deixava
as pessoas um pouco perplexas: porque costumava observar, assim que lhe
eram apresentadas, dos pés à cabeça. Com aquele seu ar de amável
mafioso, as pessoas, arrastadas por sua ágil conversação, terminavam, já
descontraídas, bem menos perplexas. Esses e outros ingredientes, entre
os quais uma afiadíssima ironia e uma capacidade de imitar tipos e
situações vexatórias, faziam dele um dos melhores conversadores que
conheci”.
Está
aí, afora o “amável mafioso”, uma boa aquarela do filho governador, e
socialista, também um craque na arte de contar causos e fazer imitações.
Dia desses, em jantar no Planalto, com outros convidados, fez a
presidente Dilma dar risada com imitações do ex-presidente da Câmara
Severino Cavalcanti. Durante a entrevista, Campos manobrou a cadeira
para bem perto da mesa e incorporou um impaciente Doutor Arraes
tamborilando nervosamente a borda, falando muito baixinho.
– É verdade que Arraes grunhia, de propósito, para o interlocutor desistir da conversa?
– Isso é o folclore que conta. Na verdade, os sertanejos falam muito
baixo, até para gastar menos energia. É fisiológico. Os Arraes falam
muito assim. A conversa dele com as irmãs é um negócio que você achava
que tinha de botar um aparelhozinho. E se entendiam (imita a conversa).
Uma cena bizarra.
Em
1979, aos 13 anos, Dudu reviu o avô quando ele voltou do exílio. O
ex-ministro da Justiça Fernando Lyra (e irmão do vice-governador João
Lyra) lembra, em seu apartamento com vista para o mar, em Jaboatão dos
Guararapes, que o garoto já ajudara na panfletagem de sua campanha
vitoriosa a deputado federal, pelo MDB, no ano anterior. “Eduardo foi
precoce”, diz Fernando Lyra. O então líder metalúrgico Lula estava
presente na concorrida recepção a Miguel Arraes – e essa foi a primeira
vez que Campos o viu.
Eduardo, Dilma e Lula, na campanha de 2010
Na
universidade, onde conheceu e conquistou Renata, ou vice-versa, Campos
foi bom aluno e líder estudantil, da esquerda moderada. “Já tinha
carisma”, diz o deputado estadual socialista Waldemar Borges,
contemporâneo de faculdade e ex-secretário de Campos em seu primeiro
mandato. “Com Eduardo não tem espaço para embromation.” Formado
economista em 1985, com 20 anos, Campos teve oportunidade de fazer
mestrado nos Estados Unidos. A política venceu. Depois de assessor, por
alguns meses, na prefeitura de Jarbas Vasconcelos, foi ser chefe de
gabinete e depois secretário de Governo de Arraes, em seu primeiro
mandato depois do regresso (1986-1990). Campos começou como assessor do
tio, Marcos Arraes, secretário de Governo do pai. Logo o jovem de 22
anos o atropelou, assumindo a titularidade. “Desde lá já se via que ele
queria mais”, diz Marcos Arraes, orgulhoso do sobrinho. Em 1990, por
divergências com os partidários de Jarbas, avô e neto foram para o PSB.
Campos foi deputado estadual (1990-1994).
Em
1992, sofreu sua única derrota eleitoral: quinto lugar, com 25.605
votos, na eleição em que 270 mil levaram Jarbas pela segunda vez à
prefeitura do Recife. Ele não fica feliz em lembrar. Uma pirueta na
cadeira depois, diz: “Eu era um menino, uma criança”. Tinha 25 anos. Em
1994, os deputados estaduais Campos e João Paulo Lima e Silva (hoje
deputado federal pelo PT) tentaram impedir, com outros parlamentares,
que a polícia do governador Joaquim Francisco – hoje suplente do senador
petista Humberto Costa – cumprisse uma ordem de despejo contra
posseiros do Sítio Grande, na periferia do Recife. A polícia os
espancou. João Paulo quebrou quatro costelas. Campos trincou uma. “Foi
pancada de todo lado”, diz Campos. “Ele foi corajoso”, diz João Paulo,
em seu escritório no 1o andar de um hotel três estrelas, na Praia do
Pina. João Paulo foi duas vezes prefeito do Recife e secretário no
primeiro mandato de Campos. Ele conta que se exonerou porque não
conseguiu demitir duas funcionárias protegidas de sua mãe, Ana Arraes. A
seu estilo, diz João Paulo, Campos nunca disse a ele que as deixasse em
paz. Apenas deixou de recebê-lo. João Paulo sentiu-se desrespeitado – e
saiu. Só se reaproximaram na campanha vitoriosa de Dilma. “Eduardo tem
um jeito encantador de conquistar”, diz João Paulo. “Ele envolve,
valoriza, chama na casa dele.”
No
mandato seguinte de Arraes (1995-1999), Campos licenciou-se da Câmara
para ser, primeiro, secretário de Governo. Depois, secretário da
Fazenda. No cargo, foi denunciado, pelo Ministério Público Federal, por
emissão fraudulenta de títulos públicos para pagar dívidas pendentes. O
caso entrou para a história como “escândalo dos precatórios” e resultou
numa rumorosa CPI no Senado – onde Campos depôs, negando a denúncia (a
íntegra do relatório da CPI está disponível na internet). A oposição
local fez a festa, Jarbas Vasconcelos à frente. A vida virou um inferno.
Campos apagou o fogo elegendo-se deputado federal pela segunda vez, o
mais votado do Estado. Em novembro de 2003, o Supremo Tribunal Federal,
por maioria, rejeitou a denúncia. A decisão não evitou que o Conselho de
Recursos do Sistema Financeiro Nacional, o “Conselhinho”, o impedisse,
em 2009, de ocupar cargos de administração ou gerência em instituições
na área de fiscalização do Banco Central do Brasil (bancos e
instituições financeiras). Em março de 2012, os advogados de Campos
obtiveram uma liminar que suspendeu a penalidade do “Conselhinho”.
Eduardo mantinha boas relações com diferentes lideranças políticas
“A
adversidade é uma professora extraordinária”, diz Campos sobre o caso
dos precatórios. “Sobreviver àquilo, só sendo inocente.” Questionado
sobre os rumores de que naquele tempo evitava descer no aeroporto do
Recife, com medo de alguma reação, as mãos apertam os dois braços da
cadeira. Os olhos, por uns segundos, como que soltam chispas. “Isso é
mentira. Nunca houve isso. É folclore.” O que mais doeu – e ele jamais
esquecerá – foi a reação de filhos mais velhos de Arraes, seus tios.
Eles se indignaram com Campos por ter envolvido Arraes naquele escândalo
com dimensão nacional. Queriam que Arraes jogasse o neto aos lobos – o
que ele se recusou a fazer.
Maximiano
morreu, de complicações cardíacas, em 6 de agosto de 1998. Havia muito
estava separado de Ana, ambos com novos parceiros. Foi naquele ano que
escreveu o poema “Para Eduardo”. O filho era deputado federal. O poema
está no livro Do amor e outras loucuras. Na última capa de edição
recente, organizada por Tonca, com patrocínio do Ministério da Cultura,
da Petrobras, dos Correios e da Chesf, a epígrafe é do poeta Ângelo
Monteiro: “Os meus estandartes sem culpa te incomodando”. Um trecho do
poema diz assim:
Luto limpo,
sem calúnias, emboscadas,
mentiras, perfídias.
Com
Campos livre dos precatórios, pelo Supremo, Lula pôde fazê-lo ministro
da Ciência e Tecnologia. Ele assumiu em janeiro de 2004 no lugar de seu
companheiro de partido, Roberto Amaral.“Eduardo é um quadro que não
precisa de ghost-writers e que não abandona projetos”, diz Amaral.
Campos tem sua versão para Lula ter se encantado com ele: o apoio desde a
campanha de 1989 – quando o candidato de seu então partido, o MDB, era
Ulysses Guimarães. Em 1994, contou, Lula ficou particularmente grato por
ele ter assumido a responsabilidade pelo comício de encerramento da
campanha, no Recife. Em 1998, Campos também somou. Em 2002, foi de
Garotinho, no primeiro turno – “o partido decidiu...”, diz –, mas estava
com Lula no segundo.
A
melhor explicação para o encanto, que ainda é mútuo, é que o santo dos
dois bateu na primeira hora. Lula transferiu para ele o carinho que
tinha pelo avô – e Campos soube fazer-se sentir como um querido
afilhado. Ambos admiram-se em características semelhantes – carisma, bom
humor, capacidade de seduzir (Campos menos), autoridade para mandar
(Campos muito mais), conversa para boi dormir (no melhor sentido da
expressão) e capacidade de correr atrás e de fazer acontecer. Campos
soube ser fiel nos momentos em que Lula precisava. Em 2005, retirou sua
candidatura à presidência da Câmara em favor de Aldo Rebelo. Pesou na
balança no vendaval de 2005, em meio às denúncias de Roberto Jefferson,
acalmando congressistas que queriam pôr na pauta pedidos de impeachment
contra Lula.
Campos
decidiu ser candidato a governador em 2005, quando ainda era traço nas
pesquisas. Com poucos abnegados, palmilhou missionariamente o interior
pernambucano, e venceu a disputa. Abatido pelo Escândalo dos Vampiros, o
ex-ministro da Saúde e senador Humberto Costa, do PT, não passou ao
segundo turno. “Eduardo é um sujeito completamente obcecado pelo poder.
Nessa obsessão, são poucos os limites”, diz ele, em seu escritório do
Recife. O deputado federal Mendonça Filho, do Democratas, perdeu para
Campos no segundo turno. “Eduardo tem mostrado muita astúcia e
capacidade de trabalho”, afirma Mendonça Filho.
Como
governador, o sedutor Campos soube e sabe atrair os recursos do governo
federal petista – de longe o maior investidor na economia local, desde o
primeiro governo Lula. Para citar só o PAC 2, dados oficiais do
Ministério do Planejamento mostram que, entre 2007 e 2010, o
investimento federal foi de R$ 33 bilhões. De 2011 a 2014 a previsão é
de R$ 53 bilhões. Lula gostava tanto de Campos que, em novembro de 2005,
dois meses depois da morte de Arraes, ofereceu a Campos, a sua mãe, a
três tios paternos e a dois sobrinhos uma supercarona no jato
presidencial da época, o Sucatão, para que a família do ex-exilado na
Argélia pudesse comparecer à homenagem oficial que lhe ofereceu o
Ministério das Relações Exteriores daquele país. Os Arraes aproveitaram
uma providencial missão comercial à Argélia, liderada pelo então
ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan.
Na volta, preito cumprido, pagaram avião de carreira.
O
reeleito presidente Lula inundou Pernambuco com recursos de causar
inveja a governadores petistas, como Jaques Wagner (BA) e Marcelo Deda
(SE). No caso da montadora Fiat e da refinaria da Petrobras, a
participação de Lula foi decisiva. Campos fez a contrapartida de uma boa
gestão. Lula chegou a pensar nele para vice de Dilma, na eleição de
2010. Discretamente sondado, Campos nem deixou a ideia prosperar. Queria
a reeleição. Venceu Jarbas Vasconcelos com quase 3 milhões de votos de
diferença, no primeiro turno.
A
primeira estranheza de Lula com Campos foi a insistência empedernida
com que ele quis a mãe como ministra do Tribunal de Contas da União.
Lula já era ex-presidente, não entendeu, mas apoiou. A segunda – já uma
decepção, dele e, até mais, da presidente Dilma – foi Campos ter
humilhado o PT, com crueldade, na eleição para prefeito. Geraldo Júlio,
ex-secretário de Campos, ganhou, já no primeiro turno, de Humberto
Costa. Outro derrotado foi o candidato tucano Daniel Coelho, deputado
estadual. “Eduardo não se satisfaz com a maioria, só com a unanimidade”,
diz Coelho, em seu gabinete na Assembleia Legislativa.
O que dizem sobre Eduardo Campos
(Foto: JC Imagem(5) e reprodução(2))
“Nossa
diferença está no conteúdo do governo”, diz Campos. “Pergunte a um
secretário meu: quando você foi nomeado, Eduardo lhe deu um envelope com
três currículos para colocar lá? Pergunte. Nunca agi dessa forma. Eu
delego, desconcentro.” O que mais impressiona, em sua ênfase, além da
coadjuvância da cadeira, é que ele e sua mulher, Renata de Andrade Lima
Campos, têm, somados, umas duas dezenas de parentes ou aderentes em
cargos de confiança
no governo. Tudo dentro da lei, registre-se. O pai de Renata, Cyro de
Andrade Lima, médico gastroenterologista aposentado, é membro remunerado
do Conselho de Administração da Companhia Pernambucana de Saneamento
(Compesa). Cunhada, ex-cunhado, sobrinhos, sobrinhas, primos, tios...
Faz tempo que essa relação veio a público e circula na internet, sem
desmentido dos empregados ou do empregador. O critério de Campos, ao não
aceitar a acusação de nepotismo, é que, em nenhum dos casos, as
indicações ferem o que determina a lei – que não impede que uma estatal
contrate um sogro ou um sobrinho. Um exemplo: no governo federal, seu
tio Marcos Arraes de Alencar foi indicado pela presidente Dilma, a
pedido de Campos, para diretor da estatal Empresa Brasileira de
Hemoderivados e Biotecnologia, Hemobras, onde ocupa a diretoria de
administração e finanças. A cadeira volta a fazer meio círculo: “Fomos o
primeiro governo, dos 27 do Brasil, a aprovar, antes da União, uma lei
contra o nepotismo. Você acha que, a esta altura, se eu tivesse algum
parente que ferisse a lei de nepotismo, já não tinha umas dez ações na
Justiça? Pelo amor do Santo Deus!”.
Pernambuco
também é, hoje, o único Estado do país onde há um jornalista preso, há
quatro meses, sob tutela da Polícia Civil. Ele se chama Ricardo Cesar do
Vale Antunes. Tem 50 anos, 30 de profissão, e divide uma cela no Centro
de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotrel), no município
de Abreu e Lima, a 12 quilômetros do Recife. É uma cela para presos com
curso superior, conhecida como prisão especial. “Sou o único preso
político do país”, diz Antunes. “Ricardo é um pobre coitado, um infame,
um miserável”, afirma Campos.
Antunes
está condenado, em primeira instância, pelo crime de lesão corporal
leve – um tapa no rosto de uma funcionária de uma companhia aérea. Como
recorre da sentença, é, tecnicamente, réu primário. Há uma dúzia de
outros processos em tramitação com seu nome – ora como réu, ora como
autor. Em março do ano passado, criou o blog Leitura Crítica. Um dia
escreveu que o “Imperador” Eduardo Campos não cuidava da seca como
devia. Seu personagem preferido era o cientista político, banqueiro e
marqueteiro Antônio Lavareda. Nos meses que antecederam à eleição
municipal, Antunes publicou, no blog, que Lavareda apoiava a campanha de
Geraldo Júlio, o candidato de Campos a prefeito, e que a mulher de
Lavareda fechara um contrato sem licitação com a prefeitura. Publicou
também que Lavareda se aproximara de Campos de olho em sua possível
candidatura em 2014 – algo que ambos negam.
Antunes
foi preso em flagrante, a dois dias da eleição municipal do último dia 5
de outubro, ao sair do escritório de Lavareda com R$ 50 mil, sob a
acusação de extorsão (crime inafiançável) contra ele. Antunes afirma que
não houve extorsão nenhuma. “Os R$ 50 mil eram apenas uma parte do que
Lavareda me devia, e ainda me deve.” Antunes diz que, quando trabalhou
para Lavareda, como assessor de imprensa, agenciou um contrato com a
Confederação Nacional da Indústria e que Lavareda ficou lhe devendo R$ 2
milhões em comissões. Lavareda afirma que estavam quites. A Justiça
decretou a prisão preventiva de Antunes. Seus advogados entraram com
pedidos de habeas corpus. Até aqui a Justiça os rejeitou. A primeira e a
segunda instância recusaram o pedido dos advogados de Lavareda para a
retirada, no blog Leitura Crítica, de todos os textos em que ele está
citado. Seria censura, consideraram. Mas o desembargador da segunda
instância proibiu Antunes de voltar a escrever sobre Lavareda. Procurado
por ÉPOCA, Lavareda negou que tivesse tratado da questão com Campos.
No
final do ano passado, Campos foi espairecer numa viagem à Europa com a
mulher e os quatro filhos. Nada de relaxamento no monitoramento rigoroso
– seu vice, João Lyra, seguiu o cronograma estabelecido. É claro que o
estilo faz alguma diferença – Lyra não tem olhos perscrutadores,
agradecem os monitorados –, mas o controle não se perde. Campos e sua
família – Renata, Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique e José
Henrique, para combinar com o seu Eduardo Henrique – passaram 15 dias
principalmente na Itália. O sertão de Pernambuco ardia, como ainda arde,
na pior seca dos últimos 50 anos.
“A
viagem do governador foi um presente dos secretários de Estado”, diz
Evaldo Costa, secretário de Imprensa. Ele estima entre R$ 600 e R$ 1.000
quanto cada um pagou. É possível que, em qualquer outro Estado,
houvesse estranhamento. Mas não em Pernambuco. Para onde quer que se
olhe – imprensa, Legislativo, Judiciário, ONGs, entidades de classe –,
Campos não tem nada que se possa realmente chamar de oposição. São esses
apoiadores os que mais plantam notícias, na imprensa, sobre sua
possível candidatura à Presidência. Campos encerra a questão com uma
frase retórica: “Tem gente que parte do eleitoral para o político. Minha
verdade é partir do político para o eleitoral”.
Por: Aldo RibeiroE finalmente na última segunda-feira tivemos o desfecho da novela “Cássio é candidato?”. Sim, por 5 votos a 1, Cássio é candidato ao Governo do Estado. Alguém pode estar a se perguntar porque diabos Cássio candidato é benéfico ao nosso Estado? Não sei explicar, mas acho que é benéfico. Será que alcançamos a maturidade suficiente pra votar? Essa é a questão. A Paraíba e o povo paraibano encontram-se num profundo dilema. Dois mundos. Duas verdades.Tem a oportunidade de romper talvez de forma definitiva, com um modo arcaico de se fazer política e que tanto contribuiu para o nosso histórico atraso. Por outro lado, pode querer voltar a se vestir com uma camisa velha, mofada e com cheiro de decadência. Penso que a lógica para tomada de decisão é simples. A comparação. Entre 1990 e 2011 a PB foi governada por dois grupos políticos. A família Cunha Lima governou por intermináveis onze anos. O Sr. José Maranhão governou por outros longos nove anos. Diante disso, peço ao nobre leitor que atente ao trecho do texto abaixo, publicado pela Fundação Getúlio Vargas, e reflita:
“Piauí deixa de ser Estado mais pobre do Brasil, aponta a FGV - 25/09/2009 Rio de Janeiro - De acordo com o levantamento “O Atlas do Bolso dos Brasileiros”, da Fundação Getúlio Vargas, publicado ontem, o maior patamar de pobres está em Alagoas, com 38,8% do total da população. O estado é seguido por Maranhão (33,75%), Piauí (32,38%), Paraíba (29,20%) e Sergipe (26,56%).”
Meus caros, isso não é factoide político. Essa é a nossa triste realidade. Trata-se de uma fonte segura e totalmente isenta. Se alguém tiver interesse e quiser se aprofundar um pouco mais sobre o assunto, constatará que a Paraíba sempre esteve “disputando” o desenroso título de Estado mais pobre do Brasil. Esse cara que posa de bom moço e quer voltar a governar a PB, esteve no poder durante 7 anos e em nada ou quase nada, contribuiu pra que essa situação fosse diferente. Observem que a publicação acima foi feita no ano de 2009. É fácil concluir que nos vinte anos de alternância de poder entre o Cunhalimismo e o Maranhismo, pouca coisa mudou. Por favor, me responda quem souber: qual(is) a(s) obra(s) verdadeiramente estruturante e definitiva que esses homens deixaram de legado para o nosso Estado? Algum xiita fanático irá responder que nesses vinte anos foi construído o Hospital de Trauma, a duplicação da BR-230 e da PB-008, alguma coisa de saneamento básico, e...?...e ?...e só. Vinte anos de beijos e abraços, conversa mole e obras superestimadas, quando na verdade não passavam de paliativos e penduricalhos. E nós ali, corroídos por nossa própria cegueira. Desinformados, ignorantes e manobrados.
Não, a Paraíba não foi descoberta em 2010, Sr. Cássio Cunha Lima. Mas foi a partir de 2010, que essa mesma Paraíba começou a ser tratada com o devido respeito. Mais precisamente falando, foi a partir de 2011 que o nosso Estado começou a plantar as sementes que hoje já nos fazem vislumbrar um futuro melhor. E por favor, não menospreze nossa inteligência. Acredito piamente que os políticos que pautam sua postura à base do blá-blá- blá, não devem ser levados à sério, apesar de sua pretensa seriedade.
Tem situações que simplesmente não colam. Não diga que planejou a reforma do Amigão e do Almeidão. Não diga que planejou a reforma do DEDE. Não diga que planejou a reforma do Espaço Cultural. Não diga que planejou a construção do Hospital de Santa Rita. Não diga que planejou o Viaduto do Geisel e o Trevo de Mangabeira. Não diga que planejou o Hospital de Oncologia de Patos. Não diga que planejou a instalação da fábrica da FIAT na divisa com Pernambuco. Não diga que planejou o destravamento do Pólo turístico do Cabo Branco. Não diga que planejou a instalação do Pólo Cimenteiro e do Estaleiro de Lucena. Não diga que planejou a geração de mais de 56 mil empregos. Não diga que planejou as plenárias do Orçamento Democrático e nem o Pacto Social pelo Desenvolvimento. Não diga que planejou as reformas do Cine São José e do Teatro Santa Roza. Não diga que planejou a urbanização do açude de Bodocongó. Não diga que planejou a reforma total do Colégio Estadual da Prata e do Liceu Paraibano. Não diga que planejou a implantação de uma data-base para o funcionalismo público. Enfim, não diga o que planejou, pois pelo que assistimos no debate da TV Master, temos a plena e absoluta certeza de que o senhor é sabidamente um grande “planejador”. Diga-nos somente o que senhor realizou de estruturante e definitivo em favor da Paraíba. Responda-nos porque durante vinte anos, surfamos nos mares da pobreza e do atraso, e nenhum legado foi deixado nos seus onze anos de poder.
Chegou a hora do povo paraibano mostrar seu grau de discernimento. Passar o passado a limpo, comparar, e seguir em frente. Ou mergulhar novamente naquilo que infelizmente sempre o acompanhou: atraso, atraso e atraso.
AVISO AOS NAVEGANTES, TRIBOS E TRIBUNAIS: QUE A SOBERANIA POPULAR PREVALEÇA!
O prefeito Luiz Galvão inaugurou ontem terça-feira, 22/07/2014, às 11h00, a reforma da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Dalmópolis. Mais do que a nova estrutura física, o posto de saúde conta, a partir de agora, com uma ambulância que foi entregue pelo prefeito a comunidade para o transporte de enfermos.
A UBS de Dalmópolis foi à primeira inaugurada de uma série de reformas e ampliações de unidades básicas de saúde. Durante a cerimônia de inauguração Luiz Galvão esteve acompanhado de várias autoridades, entre elas, os vereadores; Tita Galdino, Manoel Araújo, Oday Afonso e o Suplente de Vereador Napoleão Marques. Estiveram presentes também, o Secretário de Agricultura Sr. Josemilton G. Matos, a Secretária de Saúde Srª Ivandla Firmino, o médico Dr. Mauricio, além de vários profissionais da saúde e a sociedade civil.
O descerramento da placa inaugural foi feita pelo prefeito Luiz Galvão e Ivaldo Ferreira, que há época era o secretário de saúde, e o mesmo foi que consegui a referida reforma. A população deu as boas-vindas ao prefeito e sua equipe de governo e agradeceu pela reforma e entrega da tão esperada ambulância, que há anos era esperada por aquela população.
OBRA:
A reforma foi realizada numa parceria entre Prefeitura de Juru através da Secretaria de Saúde e Governo Federal. A obra custou R$ 38.523,65 do Requalifica UBS, do Ministério da Saúde.
PS: Na ocasião, foram também entregues vários kits as gestantes.
Dependendo da faixa etária, homens podem pagar até
mil reais mais caro no valor do seguro de um automóvel. Veja como os
valores mudam ao longo da vida de um homem e de uma mulher
Questões de gênero
São Paulo - Uma jovem de 20 anos pode pagar até 69% a mais no valor do seguro do carro do que uma mulher de 60 anos. Para homens na mesma faixa etária, a diferença chega a 117%, segundo levantamento da Minuto Seguros, feito a pedido de EXAME.com.
A faixa dos 20 anos é a que
congrega as maiores diferenças de preços cobradas pelas seguradoras. Em
alguns casos, os valores pagos por homens e mulheres podem ter uma variação de até R$ 1.000.
No entanto, para alguns modelos de veículos, o cenário se inverte
quando os motoristas chegam à casa dos 40 anos. Este é o caso do Volkswagen Novo
Gol. Em média, segundo o levantamento, uma mulher pode pagar cerca de
13% mais caro no seguro do que um homem da mesma idade.
A Minuto Seguros cotou os valores praticados por 13 seguradoras para o
seguro dos 10 carros mais vendidos no primeiro semestre de 2014, segundo
dados da Fenabrave.
Seis perfis foram usados na simulação. Em comum, todos eram moradores
da cidade de São Paulo, principais condutores do veículo em questão,
tinham curso superior, rodavam 12 mil quilômetros por mês e possuíam
garagem com portão automático na residência, entre outros fatores.
A diferença estava na faixa etária, gênero e estado civil. Eram um
homem e mulher de 20 anos solteiros; um homem e uma mulher de 45 anos
casados; além de um homem e uma mulher de 60 anos casados.
Azul, Allianz, Bradesco,Chubb,Hdi,Itaú,Liberty, Marítima, Mitsui,Porto
Seguro, Tokio, Yasuda e Zurich são as seguradoras que participaram da
simulação.
Suassuna: em 2013, o escritor foi internado duas vezes
São Paulo - O escritor Ariano Suassuna, de 87 anos, foi internado na
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Real Hospital Português, em
Recife (PE), na noite desta segunda-feira (21) após sofrer um acidente
vascular cerebral (AVC).
O dramaturgo passou por uma cirurgia de uma hora para conter o sangramento intracraniano.
Segundo assessoria de imprensa do hospital, os médicos consideram seu
quadro de saúde grave, mas estável. Não há previsão de alta.
Em agosto do ano passado, Suassuana foi internado duas vezes no mesmo hospital após sofrer infarto agudo do miocárdio. O escritor
Autor do célebre “Auto da Compadecida” e formado em Direito, Suassuna é
membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 1990.
De origem paraibana, passou a morar na década de 1950 em Recife, onde
iniciou o "Movimento Armorial", interessado nas formas de expressão
populares tradicionais.
Depois de inesquecíveis 7 gols, os brasileiros entram em
contato com o famoso sentimento de vazio. E quando a missão é explicar o
inexplicável, costuma-se recorrer ao místico, em busca de algo que nos
tire desse vazio paralisante.
A Cabala considera o 7 um número místico e até Pitágoras teria
afirmado que ele é poderoso, perfeito e sagrado. É também considerado o
número da mentira e indica a passagem do desconhecido para o conhecido.
Sete são as virtudes, as notas musicais, foram as pragas do Egito,
esteve presente no sonho do Faraó, descrito na Bíblia (sete vacas
gordas, sete vacas magras, etc.) e assim por diante.
Agora o Brasil, de posse do seu significativo 7, pode ver às claras
que para se chegar a algum lugar é preciso projeto, disciplina e
estrutura, que precisamos melhorar nosso trabalho de base, em todos os
sentidos. Mais do que nunca, devemos parar de tapar o sol com a peneira e
buscar soluções efetivas, prestar atenção na coerência dos discursos,
olhar para a história que respalda cada um deles e fazer as escolhas que
possam nos tirar do vexame. E, em se tratando da Paraíba, um resultado
catastrófico como este 7 X 1, chega a ser insignificante diante do que
se pode ver na educação, na saúde, segurança e desenvolvimento.
Que o 7 seja então a revelação de que a hora é de mudança.